Anunciada em 2018 com promessas de inovação urbana e tecnológica dignas de ficção científica, a Akon City — megaprojeto idealizado pelo cantor Akon, nascido nos EUA e criado parcialmente no Senegal — foi oficialmente cancelada. O governo senegalês confirmou nesta semana que os planos para erguer uma cidade futurista movida a energia renovável e baseada em criptomoeda não avançarão.
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— O projeto da cidade de Akon não existe mais — afirmou Serigne Mamadou Mboup, diretor da agência estatal Sapco, responsável pelo desenvolvimento turístico do país, em entrevista à BBC. — Felizmente, um acordo foi alcançado com Akon. O que ele está preparando conosco agora é um projeto realista, que terá o apoio total da Sapco.
Com investimentos estimados em US$ 6 bilhões, a Akon City previa hospitais, escolas, centros comerciais, sistema de resíduos, uma usina solar e uma rede de transporte urbano de ponta, tudo alimentado por energia limpa. O modelo econômico seria baseado na Akoin, criptomoeda desenvolvida por Akon. O projeto chegou a ser comparado à fictícia Wakanda, do universo Pantera Negra da Marvel, devido à estética arrojada e ao ideal pan-africanista.
No entanto, passados cinco anos da cerimônia de lançamento, o terreno de 800 hectares em Mbodiène, a cerca de 100 km de Dacar, segue praticamente intocado. Apenas uma estrutura inacabada — um prédio de recepção — marca presença no local. Não há ruas, redes elétricas ou moradias construídas.
— Prometeram-nos empregos e desenvolvimento — disse um morador à BBC. — Em vez disso, nada mudou.
Paralelamente, a Akoin enfrentou dificuldades para se manter financeiramente viável. Muitos investidores não foram pagos, e o próprio Akon admitiu falhas graves na gestão do projeto:
— Ela não estava sendo administrada adequadamente. Assumo total responsabilidade por isso — disse o artista.
Houve ainda dúvidas jurídicas sobre a viabilidade da criptomoeda como moeda oficial de uma cidade dentro do Senegal, país cuja economia opera sob o franco CFA, emitido e regulado pelo Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO). A instituição, como outras ao redor do mundo, é resistente à adoção de moedas digitais sem controle estatal.
Apesar do fracasso da Akon City nos moldes originais, o governo senegalês afirma que Akon segue envolvido em um novo projeto mais viável para a região de Mbodiène. Os detalhes ainda não foram divulgados, mas a prioridade é readequar o plano à realidade financeira e jurídica do país.