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Quem é a modelo trans de 71 anos que fez história na moda e voltou aos holofotes?


No auge dos seus 71 anos, Tracey “Africa” Norman não apenas fez história, ela a reconstruiu. Quase cinco décadas após ter seu rosto estampado em caixas de tinta da Clairol, a primeira modelo trans negra a alcançar notoriedade internacional volta aos holofotes com um novo contrato e a mesma determinação que a fez resistir ao apagamento. “Mesmo agora, falando com você, ainda estou em modo de sobrevivência”, diz ela.

Norman, que nasceu e cresceu em Newark, Nova Jersey, viu sua vida dar uma guinada improvável nos anos 1970, quando foi descoberta pelo fotógrafo Irving Penn em um casting inesperado. A partir dali, brilhou nas páginas da Vogue Itália e se tornou o rosto da coloração Born Beautiful, da Clairol, uma conquista sem precedentes para uma mulher trans negra. Por trás do sorriso estampado nas prateleiras de farmácias dos Estados Unidos, no entanto, havia um segredo guardado.

Era raro que modelos negros como Tracey "África" ​​Norman ingressassem no implacável mundo da moda na década de 1970. — Foto: Peter Hapak/New York Magazine
Era raro que modelos negras como Tracey “Africa” ​​Norman ingressassem no implacável mundo da moda na década de 1970. — Foto: Peter Hapak/New York Magazine

Como relembra à Allure, Norman sabia que sua identidade de gênero poderia ser usada contra ela. “Eu rezava antes de cada sessão de fotos: ‘Por favor, não deixe que este seja o dia’”, afirmou.

Tracey Norman com a tinta de cabelo a qual foi modelo no auge de sua carreira em 1975 — Foto: Lacey Terrell
Tracey Norman com a tinta de cabelo a qual foi modelo no auge de sua carreira em 1975 — Foto: Lacey Terrell

O “dia” chegou em 1980, quando foi exposta por um profissional do meio. Sua carreira foi abruptamente interrompida. “Assim que as portas se fecharam, eu não era mais uma mulher e não tinha mais o respeito de uma mulher”, disse em entrevista anterior à New York Magazine.

Mas Tracey nunca parou. Tornou-se um ícone da cena ballroom, assumindo o título de “Mother” da House of Africa, uma posição de liderança e acolhimento entre jovens LGBTQIA+ negros. “Ser mãe é diferente. Eu tratava (os membros da casa) como filhos de verdade”, relembra.

A grande chance de Norman veio por volta de 1975, quando ela foi contratada para um teste de elenco para a Vogue italiana. — Foto: Divulgação
A grande chance de Norman veio por volta de 1975, quando ela foi contratada para um teste de elenco para a Vogue italiana. — Foto: Divulgação

Em 2016, a Clairol , a mesma marca que ajudou a alavancar sua carreira e, posteriormente, a silenciou, convidou Norman de volta para a campanha Color As Real As You Are. E a reconexão só cresceu: aos 71, Tracey posou novamente para a marca e assinou um contrato de três anos com a agência The Muse.

Mesmo agora, com mais reconhecimento, ela segue com os pés no chão. “Estou um pouco mais confortável porque recebo um cheque, mas nunca houve um momento em que eu não estivesse com medo de perder o teto sobre minha cabeça e de alimentar meu bichinho”, afirmou à Allure. “Ainda estou em modo de sobrevivência.”

Em um mundo que ainda tenta impor regras rígidas sobre quem merece ser visto, Tracey se impõe com graça, coragem e verdade. “É muito bom estar de volta. E melhor ainda ser eu mesma.”



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