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Novo comitê de vacinas dos EUA acata discurso antivacina e revoga recomendação para algumas vacinas contra a gripe


O novo painel consultivo nomeado pelo secretário de Saúde dos EUARobert F. Kennedy Jr., indicado pelo presidente Donald Trump, decidiu reverter recomendações de longa data sobre vacinas contra a gripe que contêm um ingrediente que o movimento antivacina falsamente associa ao autismo.

Kennedy demitiu os 17 especialistas do painel cerca de duas semanas atrás citando “conflitos de interesse” e nomeou oito novos membros, dos quais pelo menos metade já questionou em algum grau a eficácia e segurança das vacinas.

A decisão de deixar de recomendar vacinas anuais contra a gripe que contenham o conservante timerosal, já utilizado em menos de 5% das doses adotadas no país, dá credibilidade à teoria há muito refutada de que o ingrediente , usado ehá quase um século, está ligado a problemas de neurodesenvolvimento.

Especialistas afirmam que a medida também representa uma ruptura chocante com o histórico do Comitê Consultivo em Práticas de Imunização (ACIP, na sigla em inglês), que tradicionalmente toma decisões com base em dados científicos sólidos.

— O ACIP faz recomendações baseadas em evidências científicas tanto quanto possível. Não há evidência científica de que o timerosal tenha causado algum problema — diz Cody Meissner, especialista em epidemiologia de doenças infecciosas pediátricas e membro votante do painel.

A votação ocorreu após uma apresentação de Lyn Redwood, ex-líder de um proeminente grupo antivacina fundado por Kennedy Jr.. Redwood perpetuou a ideia de que o conservante à base de mercúrio é “neurotóxico” e prejudicial para gestantes e crianças — afirmações que são contrariadas por dezenas de estudos rigorosos e amplamente rejeitadas por cientistas da área de vacinas. Sua apresentação gerou duras críticas da comunidade médica, que questionou por que um cientista do CDC não conduziu a apresentação, como é de costume.

— Muitas das afirmações feitas aqui hoje não têm respaldo científico nem evidencial, apenas opinião — afirmou Jason Goldman, presidente do Colégio Americano de Médicos, durante a reunião. Uma versão preliminar da apresentação de Redwood chegava a mencionar um estudo que não existe.

O timerosal surgiu como um dos primeiros pontos de conflito entre cientistas experientes em vacinas e o novo painel de “disruptores”. Um documento publicado no site do CDC no início da semana oferecia uma análise detalhada de décadas de pesquisa sobre o timerosal, concluindo que “as evidências não apoiam uma associação” entre o conservante e qualquer transtorno de neurodesenvolvimento. No entanto, o documento foi rapidamente removido do site.

O conservante ajuda a evitar que frascos com múltiplas doses fiquem contaminados quando novas agulhas são inseridas para retirar uma dose. Ele é raramente incluído em vacinas nos Estados Unidos. A vacina contra a gripe era a única recomendada rotineiramente que continha o conservante, e cerca de 96% de todas as vacinas contra a gripe administradas no país na última temporada de influenza eram livres de timerosal, segundo dados do CDC.

Um representante da FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA) afirmou que uma mudança completa para frascos de dose única não reduziria a disponibilidade das vacinas no país durante a próxima temporada. No entanto, Meissner afirma estar preocupado que a mudança para frascos de dose única — que são mais caros e difíceis de armazenar — possa limitar o acesso global às vacinas.

— As recomendações do ACIP são seguidas por muitos países ao redor do mundo. Isso vai reduzir o acesso a essas vacinas e aumentar os custos — diz.



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