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França lança concurso arquitetônico para expandir o Museu do Louvre e aliviar superlotação


A França lançou, na última sexta-feira (28), um concurso arquitetônico para dar o pontapé no desafiador projeto de expandir o Museu do Louvre, em Paris, com o objetivo de aliviar a superlotação no maior e mais visitado museu do mundo.

O projeto, que prevê a criação de uma nova entrada e de um novo espaço expositivo para a Mona Lisa, foi anunciado em janeiro pelo presidente Emmanuel Macron. Ele estabeleceu a ambiciosa meta de receber 12 milhões de visitantes por ano — três milhões a mais do que o número atual — e, ao mesmo tempo, resolver os problemas de gestão de público no museu.

O concurso será decidido por um júri internacional com 21 integrantes, que escolherá cinco finalistas em outubro. O vencedor será anunciado no início do próximo ano, segundo informações do Louvre.

Um dos pontos centrais do projeto é a criação de uma nova galeria para a Mona Lisa, obra-prima do século XVI pintada por Leonardo da Vinci, que atrai multidões de visitantes. A direção do museu informou, também na última sexta-feira (27), que o novo espaço terá cerca de três mil metros quadrados e incluirá áreas destinadas a explicar a história da pintura, o famoso roubo do quadro, em 1911, e seu status icônico nos dias atuais.

“Nossa intenção é proporcionar um encontro de alta qualidade com essa obra-prima”, explicou Laurence des Cars, presidente do Louvre, em entrevista ao jornal “Le Monde”, argumentando que o novo ambiente precisa oferecer “um verdadeiro momento de contemplação”.

A sala que abriga a Mona Lisa, admirada por cerca de 20 mil visitantes todos os dias — Foto: Dimitar Dilkoff/AFP
A sala que abriga a Mona Lisa, admirada por cerca de 20 mil visitantes todos os dias — Foto: Dimitar Dilkoff/AFP

Os visitantes terão que reservar ingressos específicos para ver a Mona Lisa e seu enigmático sorriso, “com tempo mínimo de espera”, disse des Cars.

O arquiteto-chefe do Louvre, François Chatillon, afirmou ao “Le Monde” que, hoje em dia, o quadro é “visto em questão de segundos, a vários metros de distância”. “Para esse novo espaço, os curadores querem que a pintura fique mais próxima do público, mais adequada à sua escala”, explicou.

Macron já havia anunciado, em janeiro, que a sala dedicada à Mona Lisa seria uma das novas áreas expositivas criadas sob a Cour Carrée, o pátio mais oriental do Louvre, e conectada ao museu já existente.

O concurso arquitetônico — parte do que as autoridades francesas estão chamando de uma “Nova Renascença” para o Louvre — também inclui planos para uma nova entrada na fachada leste do museu, próxima ao rio Sena.

A ideia é diminuir a pressão sobre a Pirâmide do Louvre, estrutura de vidro e aço projetada pelo arquiteto I.M. Pei nos anos 1980, durante a última grande reforma do museu. Diariamente, longas filas se formam na pirâmide, que é a principal entrada do museu.

Museu do Louvre — Foto: Getty Images
Museu do Louvre — Foto: Getty Images

“A pirâmide de Pei é brilhante, mas já não é suficiente para acomodar os nove milhões de visitantes que lotam nosso museu todos os anos”, afirmou des Cars ao “Le Monde”.

Ela acrescentou que a nova entrada não será uma construção “disruptiva” como foi a pirâmide, e destacou que os arquitetos devem evitar contrastes com a colunata clássica do século XVII que adorna a fachada.

O Louvre — um antigo palácio que abrigou reis franceses até 1682 — é uma das principais atrações turísticas do mundo, símbolo do prestígio cultural da França e instrumento importante de soft power do Estado francês, que está fortemente envolvido no projeto.

A ministra da Cultura da França, Rachida Dati, declarou na rede social X que a reforma marca “um novo capítulo para Paris e para a influência cultural da França”.

Ela afirmou que os recursos do projeto arquitetônico — incluindo a nova entrada e os espaços expositivos — serão financiados com a arrecadação de bilheteria e patrocínios. Des Cars disse ao “Le Monde” que o museu estipulou um orçamento de 270 milhões de euros (cerca de US$ 316 milhões) para essa parte da reforma.

O valor não inclui os planos mais amplos de modernização da infraestrutura envelhecida do museu, e ainda não está claro qual será o custo total da reforma. Problemas apontados pela gestão e pelos funcionários nos últimos meses incluem vazamentos de água, variações de temperatura que ameaçam as obras de arte, falta de banheiros e áreas de alimentação adequadas, além de sinalização deficiente.

Nos últimos anos, a direção do museu tomou algumas medidas para lidar com a superlotação, como limitar o público diário a 30 mil pessoas e aumentar o valor do ingresso básico, tanto para compensar os custos crescentes de energia quanto para financiar programas de entrada gratuita voltados à população local.

Em janeiro, Macron anunciou que a grande reforma seria financiada, em parte, por um novo aumento no valor dos ingressos para visitantes de fora da União Europeia, a partir do ano que vem.

Funcionários do museu relatam que os espaços expositivos lotados e o desgaste das instalações vêm piorando as condições de trabalho. No início deste mês, uma rara paralisação interrompeu as atividades do Louvre por algumas horas.

Des Cars afirmou ao “Le Monde” que o museu tornará obrigatória a reserva antecipada de ingressos nos meses de julho e agosto, para ajudar a controlar o fluxo de turistas no verão europeu. Mas, segundo ela, a reforma que está por vir trará “soluções estruturais e duradouras para o amanhã e para o depois de amanhã”.



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