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Em carta, cardeais latino-americanos pedem ‘justiça climática’ ao Papa Leão XIV e criticam ‘falsas soluções’


O Papa Leão XIV recebeu, em audiência privada nesta terça-feira, representantes do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). Durante o encontro, foram discutidas preocupações da Igreja diante dos efeitos da crise climática, especialmente em vista da COP30, que será realizada no mês de novembro em Belém, no Pará. O documento apresentado, resultado de um “discernimento coletivo”, intitula-se “Um apelo à justiça e à nossa casa comum: conversão ecológica, transformação e resistência a falsas soluções”.

De acordo com o Vatican News, o texto entregue ao Papa analisa os alertas urgentes diante do colapso climático, que afetam especialmente as comunidades mais vulneráveis. A publicação também traz reflexões sobre alternativas para uma conversão ecológica e questiona as chamadas “falsas soluções” e o “capitalismo verde” — definido como “uma alteração narrativa, a favor dos interesses dominantes, que não intervém nas causas do colapso ambiental vigente”.

No texto, os representantes alertam que soluções de curto prazo, classificadas por eles como inadequadas e questionáveis, reforçam a necessidade de intensificar o compromisso da Igreja. O texto ainda propõe que as nações ricas abandonem os combustíveis fósseis, promovam uma transição energética justa e assumam suas dívidas ecológicas.

Estiveram presentes no encontro: o cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente do Celam e da CNBB; Felipe Neri Ferrão, arcebispo de Goa e Daman, na Índia, e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (Fabc); Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa, na República do Congo, e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (Secam); e Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina.

COP 30 não é conhecida pela maioria dos brasileiros

Presidente Lula, Marina Silva e André Corrêa do Lago - Lula designa embaixador para presidir a COP 30 de Belém em novembro. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Presidente Lula, Marina Silva e André Corrêa do Lago – Lula designa embaixador para presidir a COP 30 de Belém em novembro. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Principal conferência sobre mudanças climáticas do mundo e pela primeira vez sediada no Brasil, a COP 30 ainda não é conhecida pela maioria dos brasileiros. Segundo a pesquisa “Protagonismo do Brasil na COP30 – Brazil Forum UK”, 71% da população não sabe o que é o evento. O levantamento, que ouviu 1.502 pessoas das cinco regiões do país, também mostra que a pauta ambiental é considerada pouco relevante na hora do voto em eleições e que o governo federal é visto como “principal vilão do meio ambiente”, na opinião dos entrevistados.

A pesquisa, realizada pelo Ideia Instituo de Pesquisa e pelo instituto LaClima, tratou de meio ambiente sob diversos pontos de vista, desde a percepção da população sobre responsabilidade individual no problema até a relação com política. Os resultados foram divulgados no evento Brazil UK Forum, na Universidade de Oxford.

Em relação à COP 30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, a pergunta foi feita de forma direta: “Sabe o que é COP 30?”. A resposta foi negativa para 71% dos entrevistados. Apenas 29% disseram que sim.

Para Cila Schulman, CEO do Ideia Instituto de Pesquisa, o dado revela um “distanciamento entre os grandes eventos climáticos e a população em geral.”

— A sigla, apesar de muito usada em ambientes técnicos e diplomáticos, ainda não faz parte do vocabulário cotidiano da maioria das pessoas. Ou seja, o evento é relevante, mas ainda não foi traduzido em termos acessíveis ao público — avalia Schulman, que disse que falta ambição política e comunicação estratégica para o país liderar a agenda climática. — A COP30 é uma vitrine poderosa, mas ela só fará sentido para a população se for conectada a experiências concretas. A população quer saber como isso afeta sua vida agora, não só no discurso internacional.

Curiosamente, nas perguntas seguintes, os entrevistados demonstraram conhecimento sobre a COP: 78% disse que sabia onde o evento seria realizado, e 72% respondeu que sim sobre a COP 30 ter impacto na luta contra as mudanças climáticas. Para Schulman, uma hipótese provável é que os entrevistados fizeram “associações com notícias esparsas ou campanhas” que mencionassem palavras chaves sobre a COP, ao longo da pesquisa.

— Não se trata necessariamente de lembrança verdadeira, mas de um processo de dedução a partir do contexto da entrevista. Isso reforça a necessidade de campanhas mais claras e pedagógicas, que expliquem não só o que é a COP 30 mas por que ela importa para a vida das pessoas — disse a CEO.

Já Flávia Bellaguarda, diretora-presidente do instituto LaClima, avalia ser “um bom sinal que muitas pessoas sabem que a COP será no Brasil, mesmo que parte não tenha a compreensão sobre o que isso significa”.

— O resultado mostra que os jornais, rádios, TVs estão abordando esse tema quase que diariamente e naturalmente as pessoas estão replicando. É importante a mídia sempre abordar a COP, trazendo uma breve explicação sobre o que ela significa. Uma COP com participação popular é fundamental para que agendas necessárias, como a agenda de adaptação, ganhem ainda mais relevância política — aponta Bellaguarda.



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