Claramente, o governo resolveu fingir que vai recorrer ao STF, para ganhar um argumento de força no embate da derrubada do IOF. Quando conversar com Hugo Motta e Alcolumbre, Lula terá este argumento na mão para pedir mais diálogo. Mas é muito difícil, quase impossível que o Congresso volte atrás, pela maneira como foi feita e com a vitória avassaladora. A única maneira que vejo é a negociação de um corte de gastos. O STF deve estar torcendo para ficar longe desta briga, em que ele vai entrar de gaiato; não tem nada a ver com ela e vai ser chamado a decidir. Tecnicamente, parece que o governo tem razão, o Congresso não poderia derrubar a medida. Mas é complicado o STF tomar uma decisão contra o Congresso, que já entende que o Tribunal está ajudando o governo na questão das emendas. E se o Congresso perder no STF, vai revidar, e pode até não aprovar o desconto no Imposto de Renda para impedir um ganho para o governo. É uma situação delicada e o governo não tem força política para ganhar esta queda de braço. A margem de negociação é pequena, porque uma grande parte dos deputados já está na campanha de 2026 e quer mesmo enfraquecer o governo; uma pequena parte pode se resolver com as emendas que não foram pagas. Seria bom se uma solução fosse encontrada.