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Carlos Gardel, ícone do tango e da Argentina, ganha homenagens em seus 90 anos de morte


Há alguns meses, Roberto Daus, jornalista argentino radicado na Catalunha, Espanha, anunciou que a estreia solo de Carlos Gardel em Barcelona completaria cem anos (ele já havia se apresentado no país antes, mas ao lado de José Razzano). No ano de 1925, o célebre artista argentino se apresentou no Teatro Goya — por isso, foi marcada neste mesmo palco para segunda-feira (30) uma apresentação comemorativa de tal centenário.

Há poucos dias, também se completaram 90 anos de sua morte, num trágico acidente em 24 de junho de 1935 na cidade de Medelín, na Colômbia.

Gardel, entretanto, vai muito além das homenagens, sendo dono de uma presença que ultrapassa o calendário.

Leonardo Pastore, cantor apaixonado por Gardel, foi o encarregado de dar voz à homenagem catalã. Durante uma conversa sua com o La Nación, há alguns dias, surgiram algumas preciosidades do inventário gardeliano. O fato de que durante sua última década de vida ele tenha gravado em cidades como Buenos Aires, Nova York, Paris e Barcelona demonstra que não temos uma verdadeira compreensão do que foi essa figura. Com a dinâmica atual no mundo na música, esquecemos a importância que teve uma figura que, cem anos atrás, percorreu palcos importantes em grandes cidades do mundo, onde também gravou discos de vinil.

— Gardel tinha uma ligação próxima com Barcelona. Temos a sorte de este teatro ainda existir para realizar a homenagem. Depois daquela apresentação, ele retornou em outras ocasiões e gravou pela primeira vez usando um sistema elétrico (todas as anteriores eram mecânicas). Ele gravou sua versão icônica de “Mano a mano” aqui — conta Pastore, de Barcelona.

Ele diz que, às vezes, acredita que tenha alguma ideia de como era Gardel e, outras vezes, o personagem continua a surpreendê-lo.

— Você sempre encontra algo novo. Seu canto era muito moderno, vanguardista, comparado a outros de sua época — diz. — Em 1934, uma transmissão histórica ao vivo de Gardel cantando, com fones de ouvido, foi feita de um estúdio da NBC em Nova York, enquanto seus guitarristas (Barbieri, Riverol e Vivas) o acompanharam de um estúdio de rádio em Buenos Aires.

Pastore conheceu a música de Gardel por intermédio de seu pai.

— Ele era um colecionador amador. Eu ouvia todos os estilos, mas o que mais me cativou foi Gardel. Quando criança, eu queria ser Gardel — diz ele, sorrindo.

Leonardo Pastore, cantor argentino — Foto: Reprodução / Instagram
Leonardo Pastore, cantor argentino — Foto: Reprodução / Instagram

E, de certa forma, hoje ele se coloca no lugar de Gardel, pois, embora não busque uma imitação física, tem formação lírica, e seu fraseado aproxima sua voz da do cantor conhecido também como El Mago. Pastore realiza espetáculos que incluem a palavra “original” no título, o que significa que suas performances ao estilo de Gardel são uma espécie de evocação dos arranjos musicais originais.

— Houve uma época em que eu cantava ópera. Eu estava em algum lugar entre o popular e o lírico. Sem fazer comparações, porque digo isso com humildade, ele estava lá porque cantava com uma técnica operística, como faziam alguns cantores da época — diz Leonardo Pastore.

A homenagem de ontem, por exemplo, foi concebida para apresentar os arranjos musicais originais. O que foi criado na década de 1930 por Terig Tucci foi transcrito e recriado por Hernán Malagoli, pianista do espetáculo, e Lucio Bruno Videla.

— Por isso que o espetáculo se chama Carlos Gardel Original — explica.

Além da apresentação, também foi inaugurado um busto de Gardel, feito pelo escultor argentino Germán De Laforé.

Pastore e Malagoli continuam sua turnê de tributo, que nos últimos anos incluiu shows em Medelín (ao ar livre, no aeroporto onde Gardel morreu), várias apresentações no Peru e até no Japão.

Um dos violões de Gardel é tocado na apresentação. Não se trata de um dos clássicos violões com boca em formato de estrela feitos para ele pela Antigua Casa Nuñez, mas de uma peça de propriedade do ourives e escultor Juan Carlos Pallarols. Pastore garante que se trata de um original.

— Em outras ocasiões, usei os violões em forma de estrela que a Fundação Internacional Carlos Gardel tem. Mas neste caso é um violão de 105 anos que Gardel deu de presente ao cantor Alberto Gómez, que participou de “Tango!” (1933), o primeiro filme sonoro da Argentina. Gómez era padrinho de Pallarols, e foi assim que ele obteve o instrumento. Foi feito em 1920. Foi comprado na Casa América, mas (assim como os em forma de estrela) foi feito pela Antigua Casa Nuñez. Em algum momento do concerto, eu paro e canto sem microfone, assim como Gardel cantou — acrescenta o cantor.



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