Pular para o conteúdo

Entretenimento Online

Al-Hilal é ponta do iceberg de projeto da Arábia Saudita para bancar Mundial, sediar torneio e enfraquecer Europa; entenda


Após assistir à classificação do Al Hilal sobre o Manchester City ao lado do presidente Fahad bin Nafe, em um camarote do estádio de Orlando, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, postou: “A nova era do futebol de clubes realmente começou”. A frase e o resultado ilustram como o projeto da Arábia Saudita para bancar o Mundial de Clubes faz parte de uma estratégia geopolítica, de olho no enfraquecimento do futebol europeu e na presença do país em um torneio internacional que o acolha.

Mesmo com a contratação de estrelas como Cristiano Ronaldo e de treinadores de ponta da Europa, como o próprio Simone Inzagui pelo Al Hilal, os árabes não possuiím até agora um palco para medir forças com a elite da bola. Isso mudou. Sede da Copa do Mundo de 2034 e com forte presença nos clubes europeus, torneios e entidades esportivas além do futebol, a Arábia Saudita tem um envolvimento muito além do entretenimento do jogo.

Trata-se de uma estratégia de longo prazo para reposicionar o país no cenário global, utilizando o esporte como vitrine de modernização e poder, o chamado “sportswhashing”. A Copa de Clubes não é apenas uma competição. É um palco onde o dinheiro saudita fala alto e pede lugar na mesa. Sem poder pagar para ter suas equipes em uma Liga dos Campeões, o fundo soberano (PIF), que detém 75% das principais equipes do país, entre elas o Al Hilal, injetou 2 bilhões de dólares para viabilizar o novo formato do Mundial pensado pela Fifa, e abriu um novo precedente, em que todos os clubes podem medir forças, não importa de que continente são.

Favorito para sediar Mundial em 2033

O patrocínio através da gigante de petróleo e gás ARAMCO e da empresa de mídia DAZN viabilizou a transmissão pelos quatro cantos do planeta e a popularização do torneio já é uma realidade. Segundo fontes que circulam nas últimas semanas nos Estados Unidos ouvidas pelo GLOBO, o plano é manter o aporte financeiro na próxima edição do Mundial em 2029 e fazê-lo na Arábia Saudita em 2033, na véspera da Copa do Mundo no país.

A parceria entre a Fifa e os países do mundo árabe não é nova. Desde que assumiu, há seis anos, Infantino apresentou proposta de compra de direitos de todos os torneios por empresas financiadas pela Arábia Saudita. O país já havia sediado a competição no formato anterior em 2023. Sem falar na Copa do Mundo do Catar em 2022. Essa expansão não acontece sem críticas. Ativistas apontam que o patrocínio a eventos da Fifa, sobretudo em países ocidentais, representa um esforço coordenado para normalizar a imagem saudita diante de acusações de autoritarismo, repressão política e violações de direitos humanos e ambientais. Vozes do futebol como o treinador alemão Jürgen Klopp também bradaram contra o torneio.

— A pior ideia já implementada no futebol. Entendo quem diga que o dinheiro para participar é uma loucura. Mas isso não acontece com todos os clubes. — destacou o técnico em entrevista ao jornal alemão Die Welt, usando o argumento de esgotamento físico e mental dos atletas como pano de fundo.

De encontro a essa tese, a Fifa paga a cada vitória no Mundial o valor de R$ 11 milhões, ou dois milhões de dólares. Os pagamentos foram combinados com a Associação de Clubes Europeus (ECA), mesmo com resistência das ligas locais. Os dirigentes europeus afirmam estar alinhados com a Fifa. Há vários deles nos Estados Unidos desde o início do torneio. Também houve uma atração da Conmebol pelo desempenho das equipes sul-americanas, que sustentam o argumento de uma globalização invertida promovida pela Fifa. A CBF marcou presença através do presidente Samir Xaud e tenta se aproximar para ser escolha na próxima edição do torneio, em 2029.

Em maio, Gianni Infantino esteve em Riad, na Arábia Saudita, e fez uma conta. “O PIB global do futebol em um ano hoje é de US$ 270 bilhões, 70% são produzidos na Europa. Se o resto do mundo, em particular a Arábia Saudita ou os Estados Unidos, fizesse apenas 20% do que a Europa faz no futebol, poderíamos atingir um impacto de mais de meio trilhão no PIB. O potencial para o futebol é enorme”, avisou.



Source link

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *